sexta-feira, 13 de abril de 2012

A ALMA DO NEGÓCIO

A ALMA DO NEGÓCIO
Crítica inteligente com uma pitada de humor negro
CINEMA
Alguma vez você já se imaginou num comercial, desses de margarina ou de leite, numa casa perfeita, com uma família perfeita, todos com um sorriso perfeito? O diretor e roteirista José Roberto Torero imaginou e foi além: propôs-se dar um exemplo forte e mais completo de como seria viver dentro de um comercial. É precisamente isto que acompanhamos neste curta brasileiro, inteligentemente bolado.
Imagine um casal perfeito, feliz, numa casa excelente, acordando de bom-humor pela manhã, e mais! – desfrutando de todos os seus produtos magníficos dos quais é impossível ficar sem dar uma palavrinha.
A partir deste modelo, propondo uma crítica à sociedade de consumo em que vivemos, é que a história se desenvolve: uma linda vida de comercial de TV.
Se formos considerar a atuação dos atores, é certo que esta é bastante exagerada, pode-se dizer. Numa outra proposta isso seria um ponto negativo. Aqui, porém, os atores merecem elogios (bem como o diretor por sua concepção), afinal esse “exagero” proposital contribui grandemente para o fortalecimento do lado humorístico (claramente forte e um dos objetivos) do filme. Se os comerciais são exagerados e pouco verídicos, vamos pô-los sob o olhar de uma lupa e eis aqui “A alma do negócio”!
Quanto ao uso dos recursos formais, o filme é bastante simples. Mas não é por isso que os elementos estão fora de lugar ou estejam mal utilizados – pelo contrário. Por exemplo, como se trata de uma sátira, é necessário que quem assista ao vídeo consiga, antes de mais nada, identificar a fonte-modelo para a crítica que virá a ser feita. Assim, há uma preocupação em filmar as cenas de modo semelhante às dos comerciais televisivos, inclusive nos “closes” em sorrisos “naturalíssimos” e “espontâneos” (leia-se: falsos e forçados).
Não poderia faltar, é claro, um diálogo marqueteiro que exiba todas as qualidades do produto em destaque – e isto é feito muito bem.
O cenário é, basicamente, quarto, banheiro, cozinha – os quais são também espaços típicos dos comerciais. Tudo é muito iluminado, muito claro – afinal não convém deixar o telespectador com dúvidas sobre o produto ou sobre a felicidade e qualidade de vida que ele oferece. Tudo precisa ser feito às claras.
O final é surpreendente: As personagens – sem perder a pose ou o sorriso – fazem o impensado, e o curta finda de maneira imprevisível: digamos que um pouco diferente demais em relação aos comerciais que satiriza.
Contar o final? Não... assista ao filme e comente!
Críticas ao curta... bem, este é um trabalho original, interessante, mas de baixo investimento, e isso limita muito a qualidade final. Alguns detalhes nas cenas últimas, que exigiam um pouco de efeitos especiais, ficaram um pouco “fracos”, dada a incapacidade de, com os recursos utilizados, representar bem aquilo que foi proposto. Entretanto, nada disso tira o brilho deste trabalho, nem seu bom humor.
E, em pensando em pontos falhos, é bom que se ressalte o ano da produção: 1996. É muito possível que a simplicidade com relação aos efeitos se deva à ausência de tantos recursos tecnológicos de que dispomos hoje, 15 anos depois. Assim sendo, não custa ser compreensivo com este trabalho nestes pontos.
Prestigie mais este curta brasileiro e, depois, serão muito bem-vindos comentários, impressões, críticas e interpretações do filme.

/foYTAmStiJg?version=3">

Direção e roteiro
José Roberto Torero
Elenco:
Carlos Mariano
Renata Guimarães




Por Winston Luiz

Nenhum comentário:

Postar um comentário